Como vencer a falta de motivação? Conheça os antídotos
Existem várias razões pelas quais as pessoas podem se sentir desmotivadas. Então, como vencer a falta de motivação?
Seja pela falta de clareza em relação às metas ou até mesmo a falta de desafios, para muitas pessoas encontrar motivação não é tão simples, ou seja, elas não encontram uma saída rapidamente.
O psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi desenvolveu a teoria do fluxo (Flow Theory), que é uma busca por um estado mental de envolvimento completo em uma atividade que traz satisfação e prazer.
No entanto, segundo a teoria, o prazer não resulta de relaxar simplesmente ou de viver sem estresse, mas acontece ao executar atividades de forma intensa, nas quais sua atenção permanece totalmente absorvida naquele momento, mesmo que seja algo difícil.
Outro psicólogo é Edward Deci, que estudou a teoria da autodeterminação (Self-Determination Theory). Para ele, a motivação é impulsionada por fatores intrínsecos, como a busca pelo crescimento pessoal.
Vale lembrar que cada pessoa é única e pode ser motivada por diferentes fatores.
Mas o que acontece quando há situações que vão na contramão das teorias e a prática parece muito mais difícil? Como ter ânimo para fazer as coisas? Como recuperar o ânimo?
Conheça três motivos que trazem a sensação de estar sempre nadando contra a corrente e as alternativas para seguir o fluxo.
Sumário do post
Entenda como vencer a falta de motivação
#1 Falta de propósito e significado
“Não tenho vontade de fazer nada”. Este é um dos indicativos de uma pessoa que não encontra significado na vida.
A falta de propósito é como um navio sem um destino definido – pode ser bonito, bem construído e ter tudo o que precisa para navegar, mas sem uma trajetória clara ou um mapa, acabará por se perder no oceano.
Dessa forma, não encontrar um significado para a vida pode ter um impacto considerável na saúde mental e emocional de uma pessoa.
Quando alguém não tem um senso claro de direção na vida, sente-se perdido, sem motivação e sem esperança.
Isso pode levar a sentimentos de ansiedade e depressão, bem como a uma diminuição da autoestima e da autoconfiança.
Além disso, a falta de propósito pode fazer com que as pessoas se sintam desconectadas de si mesmas e dos outros, o que pode causar um sentimento de isolamento e solidão.
Esses sentimentos podem ser difíceis de lidar quando combinados com estresse e mudanças inesperadas na vida.
Antídoto: Definir metas
A definição de metas específicas traz senso de direção e de propósito, pois estimula a motivação intrínseca.
Ao estabelecer metas, você começa a visualizar o resultado desejado, o que permite superar a procrastinação e o desânimo.
Consequentemente, como vencer a falta de motivação demanda iniciativa, ter metas contribui para elevar a autoconfiança e a autoeficácia, pois a pessoa começa a se sentir capaz de lidar com desafios e obstáculos.
Você já deve ter ouvido falar do livro “Fausto”, uma das obras mais importantes da literatura alemã, escrita por Goethe no século XIX.
O personagem principal, Heinrich Fausto, é um sábio que se desafia a alcançar o conhecimento absoluto e o sentido da vida, mas acaba fazendo um pacto com o diabo, Mefistófeles.
Fausto busca incessantemente por respostas para suas dúvidas existenciais e questionamentos em relação à vida.
Ele se torna obcecado pelo conhecimento e acaba se entregando à luxúria, ao poder e às tentações, sob a influência de Mefistófeles.
Ao longo da história, Fausto se envolve em diversos relacionamentos e situações, mas nunca encontra a satisfação que procura.
Mesmo quando aparentemente alcança seus objetivos, ele ainda se sente insatisfeito. No final, ele é salvo após renunciar ao pacto com o diabo e encontra a redenção.
A história de Fausto pode ser interpretada de diversas maneiras, mas em essência, ele busca descobrir o sentido da vida.
E, no caso das pessoas que procuram por um antídoto à falta de motivação, essa pode ser uma alusão aos obstáculos, que nos afastam dos objetivos.
Se o desafio parece muito grande, dividir uma meta maior em metas menores e alcançáveis é uma estratégia para progredir aos poucos na busca de objetivos desafiadores, em vez de se sentir sobrecarregado ou desencorajado por aspirações que parecem inalcançáveis.
Estado mental de flow
Para quem quer entender como vencer a falta de motivação, nem sempre a ideia de cumprir metas precisa ser algo interpretado como uma obrigação.
O psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi, que mencionei na introdução do artigo, conta em uma palestra TED que viveu na Europa durante a Segunda Guerra Mundial e, mesmo em meio à tragédia, era possível para as pessoas serem felizes após a destruição causada pela guerra.
A partir disso, ele se interessou ao longo dos anos pelo tema “o que faz a vida valer a pena” e o que traz felicidade.
Ao realizar estudos sobre a correlação entre a renda e felicidade, os dados mostraram que as pessoas estavam felizes mesmo em momentos de crise econômica, o que o levou a concluir que, enquanto a falta de recursos materiais pode trazer infelicidade, o aumento dos recursos materiais não traz felicidade.
A teoria do fluxo que desenvolveu, ou Flow Theory, significa o seguinte: quando as pessoas estão completamente imersas em certas atividades, incluindo as que exigem habilidades técnicas, existe um nível de satisfação que traz felicidade.
Csikszentmihalyi utiliza o exemplo de um compositor no processo de compor uma música. Durante os momentos em que está compondo, ele se encontra completamente imerso no ofício.
É quando não percebemos que o tempo passa durante um dia quando fazemos algo que proporciona esse estado mental de “flow experience”, pois nos esquecemos momentaneamente dos problemas.
Muitas pessoas nem mesmo se sentem cansadas ou com fome ao estarem imersas naquela atividade.
Como ter mais vontade de fazer as coisas?
Csikszentmihalyi fala que o treino de qualquer habilidade ou atividade, que pode ser aprendida, proporciona o estado mental de flow, e as chances de acontecer essa imersão são maiores se você gosta da atividade.
Então, este é também um antídoto para os que desejam saber como vencer a falta de motivação.
Se quiser saber mais detalhes, veja o vídeo:
#2 Falta de reconhecimento e feedback
A falta de reconhecimento e de feedback positivo também podem causar um impacto negativo na motivação e no bem-estar emocional dos indivíduos.
Imagine um livro sem leitores – pode ser uma obra-prima literária, mas sem o reconhecimento e a apreciação dos leitores, o autor pode se sentir desmotivado e desconectado do seu trabalho.
Quando as pessoas investem tempo e energia em uma tarefa, o feedback positivo e o reconhecimento pelo desempenho são estímulos para que elas prossigam e tentem melhorar sempre.
Por sua vez, a falta desse feedback pode levar a incertezas e inseguranças, bem como a imprecisões e pouca clareza sobre como progredir.
Se, por um lado, não ter um feedback positivo pode ser desestimulador, por outro, receber um feedback negativo injustamente pode afetar emocionalmente um indivíduo de diversas maneiras.
A pessoa pode se sentir injustiçada, desrespeitada e desvalorizada. Dependendo da intensidade do feedback e da personalidade do indivíduo, ele pode se sentir ansioso, triste, envergonhado, com raiva ou ressentido.
Antídoto: Buscar oportunidades de crescimento
Quando nos sentimos estagnados ou presos a uma rotina, é normal surgir a falta de motivação e o desânimo.
No entanto, ao buscar oportunidades de crescimento, podemos nos desafiar, aprender coisas novas e descobrir novas possibilidades e interesses.
Mas como vencer a falta de motivação nesse caso?
As oportunidades de crescimento podem vir de diversas formas, ou seja, ao fazer cursos, participar de eventos, ler livros, voluntariado, entre outros.
Ao nos expormos a experiências que não estavam antes em nosso horizonte, podemos expandir nossa visão de mundo, buscar aprendizado e encontrar maneiras de aplicar o conhecimento em nossa vida pessoal e profissional.
Mentalidade de crescimento
Carol Dweck, autora do livro Mindset, disse em um artigo que escreveu para o Harvard Business Review (HBR) que todas as pessoas possuem, ao mesmo tempo, uma mentalidade de crescimento e uma mentalidade fixa, ideia que ela também explora no livro que deu origem à teoria.
Para quem não sabe, as pessoas que têm mentalidade de crescimento acreditam que os talentos podem ser desenvolvidos.
Por outro lado, pessoas com mentalidade fixa acreditam que não precisam se esforçar tanto para superar dificuldades e desenvolver talentos, porque não acreditam no próprio potencial ou porque acreditam que o talento é algo inato.
Falácias sobre a mentalidade de crescimento
No artigo publicado no HBR, ela aborda três falácias sobre a questão:
1. As pessoas tendem a pensar que mentalidade de crescimento tem a ver com flexibilidade, mente aberta ou perspectiva positiva, o que as fazem crer que têm uma mentalidade de crescimento enquanto não têm, pois o significado é outro.
2. A recompensa não deve ser apenas sobre o resultado final, mas pelo processo de aprendizado e progresso.
3. Ter uma mentalidade de crescimento não implica que os resultados serão sempre positivos.
Confira o que a autora diz:
“Mesmo se corrigirmos esses equívocos, ainda não é fácil atingir uma mentalidade de crescimento. Uma razão é que todos nós temos nossos próprios gatilhos de mentalidade fixa. Quando enfrentamos desafios, recebemos críticas ou nos saímos mal em comparação com os outros, podemos ficar inseguros ou na defensiva, o que inibe o crescimento”.
Por outro lado, buscar oportunidades de crescimento pode nos ajudar a nos conectar com outras pessoas que compartilham interesses e objetivos semelhantes.
E, para retomar o exemplo do feedback, como vencer a falta de motivação depois de um feedback negativo?
A busca do aprendizado pode ser uma das melhores maneiras de lidar com um feedback negativo, mesmo que seja injusto.
Se você receber um feedback negativo, o ideal é não reagir imediatamente. Espere até o dia seguinte ou até se acalmar para saber se ele tem fundamento.
Caso perceba que foi um feedback injusto, de nada adianta remoer aquele acontecimento para sempre.
Certamente você receberá muitos outros feedbacks positivos que vão anular aquele que foi dado injustamente.
Veja também este vídeo para ter insights de como superar a desmotivação na vida e como se tornar mais confiante:
# 3 Conviver com pessoas em um ambiente tóxico
Quando alguém convive com pessoas em um ambiente tóxico, a exposição prolongada a comportamentos hostis pode levar a sentimentos de ansiedade e até mesmo a transtornos de personalidade.
O ambiente tóxico também pode afetar negativamente a capacidade de a pessoa se relacionar com os outros.
Logo, o indivíduo pode desenvolver estratégias como isolamento social ou pode tentar encontrar formas de escape para o problema que não trarão nenhum benefício no longo prazo.
Talvez você já tenha ouvido falar da obra Jane Eyre, da autora Charlotte Bronte, que foi publicado em meados do século XIX.
A história é narrada por Jane, uma órfã que vive com sua tia cruel. Jane é tratada com desprezo e negligência pela tia durante a infância, que a considera um fardo e uma ameaça.
Ela é enviada para um internato, onde é exposta a outro ambiente tóxico. O local impõe uma disciplina extremamente rígida às meninas, muitas das quais são tratadas com hostilidade.
Apesar das adversidades, Jane mantém sua integridade e determinação e finalmente consegue sair daquele ambiente quando aceita trabalhar como governanta na propriedade de Mr. Rochester.
Antídoto: Construir relacionamentos saudáveis
A construção de relacionamentos saudáveis é um dos antídotos para quem quer encontrar respostas sobre como vencer a falta de motivação.
Eles fornecem um senso de apoio, segurança e conexão que podem ser fundamentais para manter a motivação e enfrentar os desafios da vida.
Quando nos sentimos conectados e valorizados pelos outros, isso eleva nossa autoestima, nos ajuda a enfrentar as dificuldades e afasta a sensação de ser alguém “desanimado com a vida”.
Além disso, ao buscar motivação, ter relacionamentos saudáveis e construtivos trazem encorajamento, o que nos ajuda a crescer e a desenvolver nosso potencial.
Shasta Nelson, que se intitula “Friendship Expert” (especialista em amizade) em seu canal do Youtube e é autora de livros sobre o tema, disse em uma palestra TED que falta intimidade nas amizades em um mundo regido por redes sociais.
Ela define “Frientimacy” como um relacionamento em que “ambos se sentem reconhecidos de uma maneira segura e satisfatória”.
Shasta fez um levantamento com seis mil pessoas, que responderam à pergunta: o quão satisfatórias são suas amizades em uma escala de 1 a 10? A nota foi 5 ou menos entre 50% a 70% das pessoas. Ou seja, a maioria das pessoas entrevistadas não está satisfeita em suas relações com os outros.
Para ela, a questão não é sobre fazer cada vez mais amigos, e sim nutrir e desenvolver melhor as amizades que já se tem.
Fórmula Frientimacy
A fórmula que ela apresenta é a seguinte:
Frientimacy = P + C + V
P = Positividade (apoio mútuo)
C = Consistência ( encontrar amigos com frequência)
V = Vulnerabilidade (falar com os amigos sobre sentimentos, expectativas, sonhos etc)
Confira o vídeo da palestra aqui:
Logo, investir tempo e energia na construção de relacionamentos saudáveis, buscar interesses e valores semelhantes, estar aberto ao diálogo e praticar a empatia são coisas que poderão contribuir como um antídoto para quem está desmotivado.
Espero que este artigo sobre como vencer a falta de motivação tenha sido útil!